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OPINIÃO: Precisamos falar sobre o imediatismo do torcedor do Fortaleza

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Foto: ASCOM Fortaleza EC/NE45.

O Fortaleza tem entrado em campo neste início de temporada como o principal time a ser batido no Campeonato Cearense e Copa do Nordeste. Para além dos maiores orçamentos, patrocínios e investimentos dos 104 anos de história do Leão, o projeto esportivo consolidado pelo clube nos últimos anos tem servido como referência para outros times brasileiros que apenas sonham com participações em Libertadores, a principal competição de clubes de futebol do continente sul-americano. Entretanto, precisamos falar do imediatismo recorrente da torcida tricolor.

Sem dúvidas, os torcedores são os principais responsáveis por ditar o futuro de qualquer clube de futebol. A satisfação e insatisfação das arquibancadas reflete diretamente na gestão dos times brasileiros. No Fortaleza, não seria diferente diante de sua enorme torcida. Porém, não se pode atribuir todas as decisões executivas com base em consensos da torcida, se é que isso é possível.

Desde o retorno do Fortaleza à elite do futebol brasileiro, bodes expiatórios foram se tornando cada vez mais normalizados. A dificuldade das competições, adversários, calendário e situações normais como contusões ou rotação de elenco aparentam nem ser levadas em consideração. Nem mesmo o Real Madrid, maior campeão da Liga dos Campões, consegue vencer tudo. Isso não é realístico. No Leão, vários jogadores e até mesmo Vojvoda chegaram a ser crucificados como se não servissem mais para o clube após resultados ruins.

O próprio presidente do Fortaleza, Marcelo Paz, já declarou que a soberba não combina com o Tricolor do Pici. Jogadores como o ex-atacante do clube, Robson, artilheiro em 2021, são exemplos de como atletas são objetificados e descartados caso não atendam às expectativas. Claro, o atual camisa 30 do Coritiba sempre apresentou suas limitações, mas nada nunca justificou a agressão que o mesmo sofreu quando o Leão estava na zona de rebaixamento na temporada passada.

Apesar de sempre querermos o melhor para o Fortaleza, não podemos ser reféns de vitórias. Não podemos tratar um imediatismo sem lógica como algo normal. Em 2023, é possível observar as mesmas críticas dos mesmos torcedores que parecem ter orgulho ao declarar que esse ou aquele jogador não serve mais porque não apresentou um bom desempenho em uma partida específica. No futebol, evoluções e reformulações só podem ser percebidas com tempo e paciência. Somos todos seres humanos, nenhum profissional envolvido com o maior esporte do mundo é uma máquina. Deixemos a soberba para os outros.

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